A situação financeira da Operadora Oi vem gerando alarde ao mercado telecom a algum tempo. O fato já é tido como irreversí­vel para muitos especialistas do setor, tanto financeiro como das telecomunicações.

O rumo que a empresa terá permanece incerto, pois o governo vem buscando medidas para apoiar a distante recuperação da Operadora. Mas e se isso não acontecer? O mercado observa com expectativa as oportunidades de empreendedorismo em telecom que irão surgir com a queda da gigante.

A realidade pode ser contrária ao que o Governo Federal alarma sobre a falta de serviços para atender uma população que consome até 5 milhões de pontos de acessos à  banda larga, mais de 46 milhões de linhas móveis, 14 milhões de linhas fixas em mais de 2 mil cidades brasileiras atendidas pela Oi.

O que se observa é uma possibilidade de expansão para os provedores, sobretudo os regionais. Estas empresas estão presentes em praticamente todas as cidades brasileiras, e atuam com força justamente em localidades que seriam as mais atingidas pela falência da Oi.

Atualmente os provedores de pequeno e médio porte são quem mais levam acesso às localidades distantes, áreas rurais e de difícil acesso, ou seja, as áreas menos atrativas financeiramente para as grandes operadoras.

 

  • EMPREENDEDORISMO EM BANDA LARGA

O presidente da InternetSul – Associação dos Provedores de Serviços e Informações da Internet, Luciano Franz, acredita que a falência da Oi irá desencadear uma vertente ao empreendedorismo em banda larga. A visão é que nasçam mais de 2 mil novas empresas no mercado de internet.

Estas novas empresas não atenderão só a demanda após o desaparecimento da operadora, como também levarão serviços de melhor qualidade aos consumidores. Isso sem falar na geração de empregos e arrecadação para o próprio governo, fortalecendo nossa economia.

 

  • TELEFONIA VIA VoIP

Outro ponto que Franz vê como necessário é a liberação da Anatel para a regulamentação da Telefonia via VoIP para os provedores oferecerem o serviço, projeto que já se discute e é aguardado há cerca de 15 anos pelos ISPs, e que se tornaria inevitável aprovação pela agência neste caso.

O Presidente da Associação estima que o desaparecimento ou a pulverização da Oi coloque a Anatel na obrigação para partilhar planos de numeração à todos os provedores de Internet, uma exigência que espera liberação da agência a cerca de 15 anos e que, de acordo com a declaração no mês passado do gerente de Regulação da entidade, Nilo Pasquali, só está pensada para ser liberada em 2018.

Durante sua palestra no Curso de Gestão de Negócios para Provedores promovido pela InternetSul neste mês de Outubro, o Diretor Executivo da MHemann e consultor de mercado, Engenheiro Marcos Hemann apresentou concordância com Luciano Franz sobre a visão do dirigente da entidade.

O Eng. Marcos acredita que se houver a falência da Operadora, será a oportunidade para os provedores expandirem sua atuação. “A crise de alguns pode representar o crescimento para outros. Estar preparado para os impactos que esse momento trás ao seu negócio é vital, e esses efeitos podem ser muito positivos para os provedores”, comentou Hemann.

 

  • O PLANO DE NUMERAÇÃO

O plano de numeração para o Serviço de Comunicação Multimídia (SCM) permite que os provedores ofereçam serviço de Telefonia sobre IP (VoIP), já que suas redes de banda larga já têm infraestrutura para o tráfego de dados e voz.

Franz explicou em entrevista ao portal Qwerty, que a aprovação do plano de numeração ao SCM é o passo principal para o país crescer em convergência de serviços em redes IP.

“Seriam ganhos para o país em transmissão de voz e dados, em geração de empregos e renda. E isso sem precisar gastar nenhum centavo de dinheiro público, ao contrário: o Governo ainda se beneficiaria de impostos, seria credor da parte boa”, argumenta Luciano Franz.

O presidente da InternetSul explica que, em tese, não há muitos entraves para a aprovação do plano de numeração ao SCM, já que desde 2001, quando a Anatel criou o Serviço de Comunicação Multímidia (SCM), os provedores são regulamentados como “serviço fixo de telecomunicações de interesse coletivo, prestado em âmbito nacional e internacional, no regime privado, que possibilita a oferta de capacidade de transmissão, emissão e recepção de informações multimídia, utilizando quaisquer meios, a assinantes dentro de uma área de prestação de serviço”. “Sendo assim, deveriam poder oferecer telefonia VoIP”, confirma o dirigente.

Com o fim da Oi, regulamentar o plano de numeração, assim como o fomento aos provedores nas cidades que ficarem desprovidas dos serviços da operadora, serão obrigatoriedades, e não opções.

“O levantamento do Governo Federal sobre a Oi tem o claro objetivo de criar esforços para evitar que a Oi entre em falência. Esforço que deverá movimentar não apenas a Anatel, mas também a AGU e outros entes públicos. Se parte desta energia fosse canalizada para o mercado de provedores, ou ao menos para enxergar a oportunidade que se abre inevitavelmente, com a saída deste player do mercado, teríamos um ganho imenso em qualidade e quantidade de serviço de Internet e VoIP no país”, comenta Franz.

“Os usuários têm de estar em primeiro lugar. E, com a expansão dos provedores, estarão. Já com as tratativas exclusivamente focadas em salvar a Oi, serão mais uma vez deixados de lado em favor dos oligopólios bilionários do setor”, conclui.

 

FONTES: InternerSul, Qwerty

 

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